Novas UTIs do Hospital das Clínicas atenderão apenas a pacientes de Bauru

A assinatura do convênio da Famesp com o município se deu ontem, quando as dez vagas começaram a ser preenchidas

Jornal da Cidade / Cinthia Milanez

A inauguração das dez novas UTIs no hospital de campanha, no câmpus da USP, em Bauru, ampliará a retaguarda de internações em meio a um cenário de elevada demanda de pacientes graves de Covid-19. Implantados pelo Estado e prefeitura, os leitos atenderão apenas a moradores da cidade. A assinatura do convênio entre o poder público municipal e a Famesp, responsável pela gestão do local, se deu na manhã desta quinta-feira (15), quando terminou o prazo concedido pela Justiça para que ambas as instituições, em conjunto com o governo estadual, abrissem as vagas naquela unidade. Ao menos cinco pacientes começaram a ser transferidos para lá durante o plantão noturno de ontem.

Para a prefeita Suéllen Rosim, as novas UTIs deverão proporcionar melhores condições de atendimento aos bauruenses. “Nós ficaremos, portanto, com as 13 UTIs do ‘mini hospital’ e as 10 do HC, totalizando 23 vagas de alta complexidade destinadas aos pacientes com Covid-19”, descreve.

Paralelamente, conforme o JC já adiantou, a chefe do Executivo municipal sugeriu para o MP solicitar à Justiça que a prefeitura utilize os R$ 17 milhões bloqueados pela mesma para adquirir mais equipamentos e bancar outras 10 UTIs no próprio hospital de campanha.

Além do investimento de R$ 2.225.862,00, que deverão custear as diárias dos leitos, no valor de R$ 2.473,18 cada, por três meses, o município também cedeu dez respiradores e oito monitores ao hospital. Os equipamentos foram entregues na semana passada.

Questionada novamente sobre a origem dos recursos que bancarão as UTIs, Suéllen diz apenas que o montante sairá das reservas do município. “Agora, eu pretendo batalhar para credenciar os leitos junto ao Ministério da Saúde e, assim, aliviar o nosso caixa”, observa.

Pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo a prefeita, o órgão conseguiria bancar uma diária de R$ 1,6 mil por leito.

Titular da Secretaria Municipal de Saúde, Orlando Costa Dias pontua que, apesar de a pandemia apresentar sinais de arrefecimento, os dez leitos serão uma retaguarda importante para a cidade. “Há cerca de uma semana, as UPAs não abrigam pacientes internados com Covid-19, mostrando que a nova onda começou a perder força”, complementa.

Ainda de acordo com o secretário, o “mini hospital” conta com 13 pacientes nas UTIs credenciadas junto ao Ministério da Saúde e oito em uma espécie de “mini UTIs”. “A equipe médica deverá avaliar quais deles estão em condições para o transporte”, acrescenta.

Outras atribuições

Já a Famesp ficou responsável pela adequação do espaço, contratação do efetivo e aquisição dos demais equipamentos.

A instituição realocou um aparelho de diálise reserva do Hospital Estadual de Bauru (HEB) para o hospital de campanha enquanto os equipamentos novos não chegam.

Neste meio tempo, se houver mais do que um paciente que precise passar pelo procedimento, a Famesp pretende usar os demais aparelhos de backup disponíveis no Estadual e Base. Ao todo, há dez deles.

Outros materiais também foram emprestados de unidades como Estadual, Base e Maternidade Santa Isabel. Presidente da Famesp, Antonio Rugolo Júnior frisa que o efetivo gira em torno de 100 pessoas, sendo 25 técnicos de enfermagem, 12 enfermeiros, seis fisioterapeutas, um oficial administrativo, um técnico de radiologia e um gerente de enfermagem, fora os médicos e terceirizados, como o pessoal da limpeza, lavanderia, segurança etc.

Diretora executiva do hospital de campanha, Deborah Maciel Cavalcanti Rosa afirma que os leitos abrigarão pacientes com uma complexidade maior do que o suporte ventilatório. Eles começariam a ser transferidos do “mini hospital”, de acordo com a médica, durante o plantão noturno desta quinta-feira (15).

Com a abertura dos leitos, Deborah acredita que o Estadual, onde ela também exerce o cargo de diretora executiva, consiga manter a ocupação em 100%. Há algumas semanas, conforme o JC noticiou, a unidade trabalha acima deste limite.

Prós e contras

De acordo com a prefeita Suéllen Rosim, os leitos de alta complexidade não são de responsabilidade dos municípios, mas dos Estados e da União.

As prefeituras, por sua vez, devem investir na saúde básica. “Nós, portanto, usaremos o dinheiro que poderíamos aplicar nesta área para bancar as UTIs. Por outro lado, estamos dando um passo importante para a abertura definitiva do HC”, argumenta.

Em nota, a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informa que “as afirmações da prefeita denotam o quanto o município se exime de fazer o que é seu dever também: garantir assistência e fortalecer a rede de saúde. Tanto que a prefeitura só contribuiu com a ativação destes leitos de UTI por determinação da Justiça. Demonstra, ainda, o desconhecimento sobre a gestão do SUS, uma vez que o financiamento da alta complexidade fica a cargo do Ministério da Saúde. A prefeita, no entanto, abre mão de cobrar o governo federal em virtude dos seus interesses políticos”, traz a nota.

O presidente da Famesp, Antonio Rugolo Júnior, disse que, até a manhã desta quinta-feira (15), o governo estadual não havia repassado os R$ 505 mil prometidos para cobrir a compra de equipamentos realizada pela instituição. 

Em nota, o governo estadual alega que “a Secretaria de Estado da Saúde já destinou à Famesp R$ 485 mil para a compra de equipamentos e materiais permanentes que auxiliarão na operacionalização dos dez novos leitos de UTI que entraram quinta (15) em funcionamento na unidade. Estão em tratativas o repasse de mais R$ 100 mil, a depender da necessidade”.

Ocupação Covid

Segundo o governo do Estado, a rede hospitalar estadual dedicada ao atendimento de casos de Covid-19 em Bauru e região registrou, nesta quinta-feira (15), uma ocupação de 91,9% em UTI e 63,5% em enfermaria. Diante disso, é fundamental reforçar as medidas de prevenção e respeitar as diretrizes do Plano São Paulo.

O Hospital Estadual de Bauru opera, atualmente, com 60 leitos de UTI, que estão ocupados no momento, além de 68 de enfermaria, com 78% de ocupação. Este cenário varia no decorrer do dia em virtude de fatores como altas, óbitos ou transferências para leitos de enfermaria ou UTI, por exemplo.

O hospital de campanha instalado no prédio da USP de Bauru registrou, nesta quinta, 88% de ocupação nos 40 leitos de enfermaria destinados à Covid-19.

Fonte: Jornal da Cidade

Compartilhe:

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Relacionados