O Prefeito Gazeta surpreendeu Bauru quando antecipou a publicação da Lei do Comércio na sexta-feira passada, quando havia afirmado que o faria no sábado.
Teria mudado?
Triste ilusão.
A antecipação teve uma única finalidade: permitir que o Ministério Público de Bauru entrasse com uma ação contra a Lei já no sábado, o que foi felizmente rechaçado pelo Judiciário.
Na sequência, o Governador, na segunda-feira, e a Procuradoria Geral de Justiça, na terça-feira, entraram com Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) para suspender a Lei Municipal, conforme tinha anunciado o Prefeito na mesma sexta-feira.
Raciocínio maquiavélico e desprezível.
O que espanta é que a verdadeira perseguição ao comércio, bares, restaurantes, academias, manicures e tantas outras atividades não se verifica em outros setores.
A indústria, por exemplo, grande empregadora, continua funcionando sem nenhum regramento por parte da Prefeitura, tão zelosa pelo comércio, desde o primeiro até o último decreto.
Mesmo o setor de comércio mais privilegiado, o de supermercados, que pode funcionar sem limitação de horário, está submetido a regras de distanciamento social, como entrada de um cliente para cada 20 m² da área de venda, obrigado a manter distância mínima de 1,5m entre as pessoas, e de aferir a temperatura de clientes e funcionários, além de outros cuidados sanitários e de saúde.
O que chama atenção é que toda população que trabalha usa o transporte coletivo em ônibus lotados nos horários de pico e não tem proteção alguma.
Os Decretos Municipais, todos eles, em especial o último que está em vigor, não tem qualquer limitação quanto ao número de pessoas nem qualquer distância segura que deva ser mantida entre os passageiros desprotegidos.
A Prefeitura, que transfere às empresas privadas o transporte coletivo que é de sua responsabilidade, de forma irresponsável não se preocupa com o que acontece nos coletivos em Bauru.
De que adiantam tantas regras, tantas limitações, tantas restrições ao comércio se, ao encerrar sua jornada de trabalho, seus colaboradores se expõem à contaminação pelo vírus nos ônibus.
Mas não são apenas os que trabalham, são todos os idosos, que demandam outros serviços como, por exemplo, receber os auxílios do Governo Federal e até mesmo acessar serviços de saúde, se expondo ao risco de contagio nos coletivos.
O que há por traz disso?
Como se explica tamanho descaso da Prefeitura?
Esses fatos nos permitem afirmar, com toda convicção, que, se não é o único, o maior responsável pela aceleração da contaminação e das mortes em Bauru pelo Covid-19 é o Prefeito Municipal. Ele, seu “Comitê Gestor” e a apregoada ciência, tão maltratada pelo Prefeito e pelo Governador do Estado.
Triste sina a de Bauru.
Walace Garroux Sampaio
Presidente Sincomércio Bauru e Região