A festa acabou. Foi-se com ela a nossa esperança?
Antes de responder, José, talvez você nem se lembre mais de quando foi a última festa com seus amigos, com sua família.
O último dia para isso foi o fatídico 20 de março, quando sofremos o impacto de uma pandemia que só conhecíamos pelas notícias de locais distantes.
Se você soubesse o que viria, teria aproveitado esse dia para a última reunião.
O que veio foi a descoberta que o vírus batia à nossa porta e que sua empresa seria fechada a partir do dia seguinte.
Resignado, você aceitou.
Atendeu aos apelos para contribuir com os mais necessitados, certo de que tinha um pequeno patrimônio capaz de sustentá-lo e a sua família por um período de tempo que imaginava curto. Ainda achou que poderia ajudar seus poucos funcionários de tantos anos.
Passou a acompanhar o noticiário com algum receio, depois com medo, depois, ainda, apavorado.
E José relatou o seu drama:
Já não me preocupava mais com minha família apenas, mas vendo meu patrimônio desaparecer conforme os dias passavam, uma hora pensei: não aguento mais, vou ter que fechar minha loja.
Mas com ela irão meus sonhos, a vontade de ver meus filhos numa faculdade, de ver meus colaboradores com um emprego digno, mas fazer o que se nem o plano de saúde consigo mais pagar?
Um mês já se completou!
Eis que, entre o noticiário que espalhava o terror trazido pela Covid, surge uma voz, de um tal Sincomércio, a trazer de volta uma pequena esperança. Nem sabia que existia um sindicato de empresas.
Surgiu então um Plano Estratégico para a reabertura do comércio.
Curioso, fui ver o tal plano e não é que era interessante. Passei a acreditar que havia uma luz no fim do túnel.
Bastava o prefeito aceitar e poderia abrir minha loja.
Não era o que esperava, mas trazia de volta a esperança.
Chamei meus funcionários e disse o que já dissera a minha família: ainda há esperança.
Os dias se passavam e nada do prefeito aprovar.
Não era possível que isso acontecesse em Bauru, na minha cidade.
E veio a decepção.
O prefeito virou as costas à minha cidade, aos meus colaboradores e à minha família.
Tentei explicar à minha mulher, aos meus filhos, até ao pequeno, e achei que pudessem entender. Eles, incrédulos, não conseguiram.
Hora de entregar os pontos.
Mas eis que uma nova porta se abre.
A Câmara Municipal entra na nossa luta pela sobrevivência.
Hoje, quando escrevo, tenho uma ponta de esperança.
Naquele espaço democrático, os vereadores vão nos ouvir.
É, como dizem, a casa do povo.
Assim, o que parecia impossível, fica mais perto de acontecer.
Em casa já vi um pequeno sorriso de minha mulher e de meus filhos.
Ainda há esperança!
Só peço a esse Sincomércio que não desanime, que continue lutando por nós.
Obrigado.
Ass. José
Walace Garroux Sampaio
Presidente do Sincomércio de Bauru e Região